quinta-feira, 21 de maio de 2009

DO “CALOR SECO” AO “CALOR MOLHADO”, DO SERTÃO ÁRIDO À AMAZÔNIA RICA DE ÁGUAS.

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"O tempo passa ligeiro"... e assim percebo que estou em Manaus há um tempinho.
Deixei a Província Sul e as irmãs com que vivi os meus primeiros 9 anos de Brasil na metade de outubro depois partilhar minha vida missionária com o povo da favela do Jd. Selma e da Vila Missionária, na periferia da metrópole paulista e com o povo do sertão de Antonio Gonçalves, no interior da Bahia...
Acredito que o Senhor tenha para comigo um carinho especial ao oferecer-me uma experiência interprovincial, ou melhor, “bi-provincial”. Sim, porque as duas províncias Norte e Sul se tornam agora parte da minha caminhada com tudo o que de belo e difícil esta experiência carrega consigo. Mas estou muito feliz, pois o que sempre pedi ao meu Senhor é que nunca me deixe acomodar, ou aceitar de alguma maneira a mediocridade em minha vida missionária. E Ele sempre escuta as nossas preces e as atende como acha melhor... com uma imensa criatividade que sinceramente nunca teria imaginado! E assim eis-me aqui: da seca do sertão à abundância das águas dos rios!
Estradas de água, barco no lugar de ônibus, peixe no lugar de carne, assai, bacaba, ingá e cupuaçu no lugar de jabuticaba, imbu e cajá....
Um povo novo com seus novos “sabores” que amo experimentar, pois assim é Deus, sempre novo, capaz de cativar, de inquietar, de provocar, de converter a minha busca dele.
Um “novo” que comecei a saborear chegando dos 7 graus paulistas aos 37 de Manaus, do “calor seco” ao “calor molhado”, do sertão árido à Amazônia rica de águas.
Depois do meu primeiro contato com a comunidade do noviciado na Cidade Nova, onde tive a oportunidade de conhecer as duas jovens noviças, tive a graça de dar uma “voltinha” em Maués. Lindo demais! Cheguei à noite e no dia seguinte de manhã já estava no barco com o padre e o motorista pronta para a viagem de visita às comunidades do interior. Nunca tinha subido num barco fazendo vida comunitária lá dentro com três homens: o padre recém ordenado, o motorista e um jovem da paróquia de Maués, nunca tinha navegado num rio (não sei nadar), nunca tinha dormido em rede, nunca tinha comido piranha, tambaqui, pirarucu... Nunca... Mas, encontrando as comunidades e o seu lindo povo, sempre tive a certeza de que aquela promessa que Deus me fez desde o primeiro dia em que recebi a destinação para o Brasil continua de pé: “Vá para a terra que eu te indicar. Te abençoarei...”. Somente tendo a coragem de partir a bênção de Deus continuará se cumprindo e a sua promessa se realizando. E desde que o Brasil se tornou a minha terra prometida é somente com este povo que eu poderei caminhar ao encontro de Deus. Juntos, então, poderemos contemplar a Sua face, seja ela paulista, sertaneja ou ribeirinha... Aqui, em Manaus, Ele já estava me esperando.
Mas por enquanto não estou navegando nos rios... Já estou morando no Monte das Oliveiras e o primeiro contato com as comunidades da área missionária e da ocupação está me ajudando a compreender quantos desafios a missão urbana esconda. Aqui, com a ir. Eli e as duas jovens postulantes de São Paulo, estou procurando acertar os primeiros passos de uma vida nova, de uma realidade nova, de uma comunidade nova. Mas em tudo isso retorna com força uma palavra de São Paulo que acompanha esses tempos de mudanças: “Agora, acorrentada pelo Espírito, preparo-me para a nova missão, sem saber o que me sucederá. Mas de forma alguma considero minha vida preciosa a mim mesma, contanto que leve a bom termo o ministério que recebi do Senhor: dar testemunho do Evangelho da graça de Deus” (At. 20,22-24).
Ir. Sonia

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